JAT EM ENTREVISTA A EUROPEANA FASHION
27 NOVEMBRO 2013
Em 2010,
no âmbito do Creative Lab, foi convidado a realizar uma exposição
no MUDE – Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo,
Assinado por Tenente, que dava a conhecer o seu processo
criativo. Foi-lhe proposto o desafio de assumir o papel de curador
colocando em confronto peças emblemáticas da história da moda,
pertencentes à colecção do Museu, e o seu próprio trabalho. Como
foi a experiência e o que descobriu ao longo do trabalho de
concepção da exposição?
A 'curadoria' surgiu na
sequência da minha proposta de apresentar o meu processo criativo
partindo da colecção do Museu. Desde a primeira visita às reservas,
foi claro que a minha selecção de peças da colecção Francisco
Capelo se poderia organizar por núcleos temáticos e que as suas
características encontrariam paralelo com algumas das linhas mais
determinantes no meu trabalho. Mais do que uma escolha objectiva,
orientada por critérios de importância histórica ou de cobertura
do vasto leque da colecção, a minha selecção foi sempre muito
emocional. Na verdade, fui dando conta que as peças que ia
escolhendo eram as que tinham mais relação com o meu imaginário e
consequentemente também com o meu trabalho. E assim a exposição
foi ganhando forma a partir da 'razão' que representa o corte e
construção, da 'emoção', o lado mais teatral, da 'devoção', os
detalhes e minúcia e da 'paixão', a cor. Quatro núcleos
temáticos, que encontram equivalente no meu trabalho e que talvez
representem as características fundamentais da 'minha assinatura’.
A exposição acabou por ser tornar um exercício que me 'obrigou' a
elaborar e racionalizar sobre o meu processo criativo, com a
distância e a objectividade possível, o que enquanto ele decorre é
mesmo impossível.
Quais as
peças e criadores presentes no espólio do MUDE que são para si
grandes referências e porquê?
Aquela incursão
privilegiada deu-me oportunidade de ver muitas peças para além dos
'highlights' incontornáveis e até de conhecer autores que conhecia
menos bem, ou que não conhecia de todo... No entanto, os
incontornáveis não ostentam esse adjectivo ao acaso e alguns
originais Balenciaga e Dior dos anos 50 e 60 são extraordinários
pelo corte, forma, volume... e também pelo que representam da
elegância feminina da época. Noutros registos e épocas diferentes,
Jean-Paul Gaultier, Christian Lacroix, Alexander McQueen ou Yohji
Yamamoto, estão muito bem representados na colecção com peças
muito significativas das suas identidades criativas.
Como
classificaria a colecção de moda do MUDE – Museu do Design e da
Moda, Colecção Francisco Capelo?
Muito boa mesmo. Cobre um
vastíssimo conjunto de criadores em várias épocas do séc XX,
sobretudo a partir do final dos anos 30 e com uma particular
incidência no plano criativo francês, ou feito a partir de França,
por exemplo, belgas e japoneses que tradicionalmente ali se
apresentaram. Tem um percurso histórico muito significativo e também
uma forte presença da contemporaneidade. É uma colecção muito
viva, interessante e que se tem apresentado ao público com uma
dinâmica muito apelativa.
O
projecto Europeana Fashion tem como grande objectivo a criação de
um portal que pretende colocar em rede museus europeus onde a moda é
o denominador comum, disponibilizando os seus acervos on line.
Consideramos que este projecto é muito importante na
internacionalização do MUDE – Museu do Design e da Moda, Colecção
Francisco Capelo e na consolidação do trabalho que temos vindo a
realizar. De que forma vê esta participação e qual a importância
que ela poderá vir a ter na divulgação internacional da moda e dos
criadores portugueses?
Será com certeza uma
plataforma privilegiada para apresentar a colecção
internacionalmente e obviamente dar também a conhecer no contexto de
uma colecção museológica os criadores nacionais que nela estão
representados. Para o público, e sobretudo para o mais
especializado, será certamente uma mais valia poder ter acesso ao
acervo on line, estudar, planear visitas, etc...
Sem comentários:
Enviar um comentário