sexta-feira, 29 de novembro de 2013

JAT ENTREVISTA | EUROPEANA FASHION


 http://www.europeanafashion.eu/2013/11/27/mude-interview-fashion-designer-jose-antonio-tenente-europeana-fashio/


 JAT EM ENTREVISTA A EUROPEANA FASHION
27 NOVEMBRO 2013



Em 2010, no âmbito do Creative Lab, foi convidado a realizar uma exposição no MUDE – Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo, Assinado por Tenente, que dava a conhecer o seu processo criativo. Foi-lhe proposto o desafio de assumir o papel de curador colocando em confronto peças emblemáticas da história da moda, pertencentes à colecção do Museu, e o seu próprio trabalho. Como foi a experiência e o que descobriu ao longo do trabalho de concepção da exposição?
A 'curadoria' surgiu na sequência da minha proposta de apresentar o meu processo criativo partindo da colecção do Museu. Desde a primeira visita às reservas, foi claro que a minha selecção de peças da colecção Francisco Capelo se poderia organizar por núcleos temáticos e que as suas características encontrariam paralelo com algumas das linhas mais determinantes no meu trabalho. Mais do que uma escolha objectiva, orientada por critérios de importância histórica ou de cobertura do vasto leque da colecção, a minha selecção foi sempre muito emocional. Na verdade, fui dando conta que as peças que ia escolhendo eram as que tinham mais relação com o meu imaginário e consequentemente também com o meu trabalho. E assim a exposição foi ganhando forma a partir da 'razão' que representa o corte e construção, da 'emoção', o lado mais teatral, da 'devoção', os detalhes e minúcia e da 'paixão', a cor. Quatro núcleos temáticos, que encontram equivalente no meu trabalho e que talvez representem as características fundamentais da 'minha assinatura’. A exposição acabou por ser tornar um exercício que me 'obrigou' a elaborar e racionalizar sobre o meu processo criativo, com a distância e a objectividade possível, o que enquanto ele decorre é mesmo impossível.

Quais as peças e criadores presentes no espólio do MUDE que são para si grandes referências e porquê?
Aquela incursão privilegiada deu-me oportunidade de ver muitas peças para além dos 'highlights' incontornáveis e até de conhecer autores que conhecia menos bem, ou que não conhecia de todo... No entanto, os incontornáveis não ostentam esse adjectivo ao acaso e alguns originais Balenciaga e Dior dos anos 50 e 60 são extraordinários pelo corte, forma, volume... e também pelo que representam da elegância feminina da época. Noutros registos e épocas diferentes, Jean-Paul Gaultier, Christian Lacroix, Alexander McQueen ou Yohji Yamamoto, estão muito bem representados na colecção com peças muito significativas das suas identidades criativas.

Como classificaria a colecção de moda do MUDE – Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo?

Muito boa mesmo. Cobre um vastíssimo conjunto de criadores em várias épocas do séc XX, sobretudo a partir do final dos anos 30 e com uma particular incidência no plano criativo francês, ou feito a partir de França, por exemplo, belgas e japoneses que tradicionalmente ali se apresentaram. Tem um percurso histórico muito significativo e também uma forte presença da contemporaneidade. É uma colecção muito viva, interessante e que se tem apresentado ao público com uma dinâmica muito apelativa.

O projecto Europeana Fashion tem como grande objectivo a criação de um portal que pretende colocar em rede museus europeus onde a moda é o denominador comum, disponibilizando os seus acervos on line. Consideramos que este projecto é muito importante na internacionalização do MUDE – Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo e na consolidação do trabalho que temos vindo a realizar. De que forma vê esta participação e qual a importância que ela poderá vir a ter na divulgação internacional da moda e dos criadores portugueses?
Será com certeza uma plataforma privilegiada para apresentar a colecção internacionalmente e obviamente dar também a conhecer no contexto de uma colecção museológica os criadores nacionais que nela estão representados. Para o público, e sobretudo para o mais especializado, será certamente uma mais valia poder ter acesso ao acervo on line, estudar, planear visitas, etc...

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