sexta-feira, 10 de julho de 2015

JAT FIGURINOS | RICARDO III | A COMEÇAR...


A caminho da primeira reunião com a equipa artística do próximo projecto de Tónan Quito, Ricardo III de William Shakespeare, 
com estreia marcada para dia 15 de Outubro no Teatro Nacional D. Maria II
"Agora que se descobriram os ossos de Ricardo III, é o momento perfeito para fazer desenterrar a peça Ricardo III (1592) de Shakespeare. O autor usa a história de Inglaterra e conta-nos a subida ao trono mais maquiavélica de que há memória. Agora, que continuamos a assistir a violentos e sangrentos exercícios de poder, é o momento para contar esta história; deste Ricardo, um rei improvável, um indivíduo que tudo fez para ascender ao poder: matando inimigos, amigos, família, mentindo, tecendo incríveis enredos.
Agora, também, porque fazer Ricardo III é entrar numa zona maldita do ser, disto de se ser humano. Um indivíduo deformado fisicamente, manipulador, amoral, sedento de poder que despreza tudo e todos. Vamos oscilando entre o desprezo e o fascínio por este ser ardiloso, acabando por torcer por ele. É estranho como admiramos este déspota e vemos cada morte como uma conquista. E assim vamos seguindo-o, de morte em morte, de mentira em mentira. Como é que tudo isto foi e é possível? Como foi possível escrever semelhante história? Só mesmo Shakespeare. O que escreveu é complexo, universal, intemporal; mas que sentido fazem os nossos dias quando vemos Ricardo III? O que é que evoluimos? Seremos todos Ricardos? Somos, na medida em que Ricardo III é o centro de si próprio, é apenas um ator a descobrir-se, a querer poder, a errar; a explosão do eu: "Ricardo ama Ricardo, ou seja, eu e eu”.
Agora, porque é com esta palavra que começa a peça..." in programação TNDM II

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