JAT em entrevista na FHM

O desejo secreto de qualquer pessoa é saber o que se vai usar na próxima estação. Pode ajudar-nos?
Vai estar na moda a teatralidade, o brilho, o excesso, o universo da pintura de Paula Rego…

Sabemos que gosta de vestir a Bárbara Guimarães, mas como é que escolhe as modelos para os seus desfiles?

Os manequins são sempre os veículos finais da apresentação da colecção. Nesse sentido, procuramos os que melhor se adaptam ao imaginário de cada uma. As imagens podem ser muito diferentes: romântica, fria, sofisticada, casual…

Mas deve ter as suas preferidas. Quais são, na sua opinião, as melhores modelos portuguesas do momento?

Actualmente, a Jani e a Alice. E a Milena, que é brasileira, mas que já cá está há muito tempo

Sendo homem, é mais fácil criar roupa para homem ou mulher?

É apenas diferente. O facto de eu ser um homem a desenhar roupa para homem ou para mulher é determinante. Posso ser utilizador das peças da colecção masculina, testá-las, vesti-las, e isso dá-me uma perspectiva diferente. E claro que as óbvias diferenças entre os corpos da mulher e do homem, também são relevantes.

As suas criações são fruto da sua imaginação ou inspira-se noutros lados?
Na verdade a inspiração é muito variada... Um filme, uma música, um livro, uma personagem específica, a pesquisa histórica ou um detalhe de costura, podem ser o ponto de partida de uma colecção. Todas estas referências podem ser inspiradoras e catalisadoras de uma ideia.

As peças são todas desenhadas por si?

As colecções partem das minhas indicações e orientações, e resultam de um trabalho de equipa entre mim e as minhas assistentes.

Quantas pessoas trabalham consigo?

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Agora decidiu dedicar-se aos perfumes e lançou um 100% português. Porquê?
A empresa distribuidora apresentou-nos as possíveis opções para desenvolvermos este projecto e a ‘opção nacional’ oferecia a possibilidade de um muito maior envolvimento em todas as fases do processo. E o facto de toda a equipa ser nacional, também é uma mais valia na estratégia de comunicação. Temos que incentivar a ‘auto-estima’ nacional no meio do cenário global.

Quanto tempo demorou a desenvolver o seu perfume?

Mais de um ano até chegar à fase actual de lançamento. O projecto foi todo criado de raiz e isso demora tempo e exige amadurecimento.

Qual foi a parte mais difícil?

Num primeiro perfume corre-se o risco de querer fazer muita coisa de uma vez e por isso o mais difícil é sempre seleccionar, escolher, decidir. As opções eram muitas; um aroma mais floral, mais ‘especiado’, mais quente, mais amadeirado… Para mim revelou-se bem mais difícil ‘vestir a pele’ do que o corpo.

Acha que os portugueses vestem bem?
Nota-se na rua um maior número de pessoas que de facto se preocupam com a imagem e que vestem ‘moda’. No entanto, a moda mais vanguardista ou diferenciada, será sempre para um minoria do público.

Nunca se enganaram no nome, chamando-o sargento ou general por exemplo? Não, os enganos ficam-se por José Manuel ou José Luís. Quanto a sargento ou general só nas graças na escola.

Entrevista publicada no especial Moda, na revista FHM nº54 Setembro 2009